Natal ao contrário
É o muro da vergonha
Auschwitz revisitado
Com a vida já não sonha
David não foi operado
Falou mais alto o Golias
Dos dias da indiferença
E na indiferença dos dias
Assim passam a sentença
Arrefecem as noites frias.
É o muro da vergonha
Auschwitz revisitado
Com a vida já não sonha
David não foi operado
Falou mais alto o Golias
Dos dias da indiferença
E na indiferença dos dias
Assim passam a sentença
Arrefecem as noites frias.
Quem não morre
Por ter morrido
Quem não come
Por ter comido
Quem não corre
Por ter corrido
Seguramente é herói
Que não sobrevive
Pois não foi assistido.
Uma palavra cunhada
Com honra e sentimento
Não pode ser violada
Tão pouco servir d’instrumento
Só a alma profanada
Pode dar assentimento
Estando a morte consumada
Desde tão belo momento.
Mudança anda no ar
Nessa conhecida dança
Onde nada vai mudar
Apenas releva a esperança
Para logo a castrar
Mas vejo transformação
Nada a poderá parar
Sob a forma de explosão
E uma nova forma de amar.
Escravidão encapotada
Por lampejos de ternura
Da concertação social
Onde a discussão perdura
Onde ninguém te quer mal
Onde és parte da salada
Por apaziguadores temperada
Verás uma miragem salarial
Onde a esperança foi roubada.
Que natal
Se fôr global
Que natal
Ser fôr local
Que natal
Existe o mal
Renascermos
É fundamental
Saber crescer
O essencial.
Criança livre,
acarinhada
solta a alma
do sorriso que brota
do coração imenso
próprio da vida, inocente
semente de futuro, juro
e não permito quem diga, não
ao processo contínuo
de trabalho exaustivo,
de amor como criação
da pedra basilar
dessa nova humanidade
que espera ansiosa
esta construção,
duma esperança
que permitirá
sonhar de novo,
sementes de mudança urgente.