O meu envergonhado conto minúsculo ( Da irmã )

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Era uma vez uma família que tinha uma característica muito peculiar para além de ser pequena, era muito económica.

Em serões invernosos, a matriarca agulhava tudo aquilo que tapava e não tapava o corpo dos mais novos.

O Pai de todos, colaborava nas lides culinárias fazendo de quando em vez uns bifes pequenos mas, com um molho branco delicioso que quase os afogava, dado a quantidade generosa que os regava e disfarçava da parca economia da época.

Os mais novos, também já sedosos dar o seu contributo, dedicavam-se a algumas tarefas que eram recompensadas com pequenos pecúlios ainda em centavos.

Estes, eram depositados directamente no FRASCO ao longo do ano e, revertiam para que esta família tivesse a oportunidade de deliciar-se de umas férias Grandes.

Grandes em amor, diversão e partilha sim, porque mesmo nestes momentos de folia e descontracção continuavam poupados. Numa dessas escapadelas de veraneio, foram rumo ao Algarve e lá para os lados de Albufeira, no promontório onde o sol se deixa dormir redondo e alaranjado, alugaram um pequeno quarto para os quatro.

Entre duas camas de meio corpo onde os pais apartavam o seu leito conjugal por alguns dias, dormiam os filhotes em duas espreguiçadeiras de praia. Não sei se pela sua tenra idade, se pela fantasia que criavam destes tempos mágicos, ao acordar garantiam aos pais que tinham visto a terra ao contrário.

Esta família cresceu e hoje como outrora, continua com a mesma postura, de tal forma que o Pai de todos foi nomeado como Ministro das Finanças pelo actual Zé das obras.

Não têm um Brazão mas, no meio da sua vasta e velhinha biblioteca existe um livro já cansado de tanto ser folheado de nome “O Dicionário da Família Económica” com as insígnias douradas de: Maria, Eduardo, Pedro e Isabel.

publicado por poetazarolho às 22:42 | comentar | favorito