Viagem ao olho do vulcão

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Aconteceu nas terras desertas de Sonora, lá onde dizem que a terra e a lua se juntam, foi aí que iniciámos a descida em direcção ao olho de um vulcão extinto, numa paisagem nunca antes imaginada.

 

Dois de nós, dum grupo maior decidimos iniciar esta viagem não planeada, pedra a pedra, passo a passo, muito cuidadosamente por um caminho demasiadamente improvável, imaginado a cada passo. Demorámos cerca de hora e meia até alcançar o primeiro ponto de descanso, uma rocha maior que nos pareceu apropriada para esse propósito.

 

Nesse ponto decidimos comer e beber qualquer coisa do que traziamos nas mochilas, não muita coisa, apenas o suficiente para esta pequena aventura. Uahu, a adrenalina estava no máximo, pensámos nós, inocentes rapazes europeus.

 

Enquanto comiamos e bebiamos o silêncio era quase exclusivamente o que escutávamos, mas de repente um estranho ruído interrompeu esses milhões de pensamentos, e uma improvável senhora chamou-nos, usando o guiso da sua cauda, mas que enorme fogo no estômago sentimos ao virar a cara e ver a sua pele malhada e luzidia passenado-se por perto.

 

Nós, habituados aos nossos animais domésticos, nunca julgámos viver uma experiência assim, felizmente ela resolveu serpentear entre as rochas e assim como aparecera, rápidamente desapareceu e nós pudemos terminar o nosso lanchinho, mas agora com o coração batendo tão rápido quanto uma britadeira.

 

Depois deste descanso pleno de emoções resolvemos concentrar-nos novamente no nosso percurso, não com a mesma visão, mas sim com algum conhecimento adicional, escuta não apenas o silêncio, olha não apenas as rochas à tua frente.

 

A segunda parte da descida correu tão bem quanto a primeira, mas agora com o ritmo cardíaco menos acelerado, e assim esse objectivo nunca antes planeado fora alcançado, estavamos no olho do vulcão, plenos de emoções e apenas com algumas pequenas arranhadelas.

 

O motivo pelo qual não vos contaremos a viagem de volta reside no facto de sentirmos que um pouco de nós ainda se encontra nesse sublime pedaço do nosso planeta, o deserto de Sonora, lá onde a terra e a lua se juntam.

 

( Tradução do texto originalmente escrito em inglês para um concurso de viagens )

 

publicado por poetazarolho às 22:36 | favorito