Restos emocionais
Certo dia ia morrendo
Finalmente não morri
Pensei eu no momento
Provavelmente sobrevivi
Passado o sofrimento
Afinal renasci.
Certo dia ia morrendo
Finalmente não morri
Pensei eu no momento
Provavelmente sobrevivi
Passado o sofrimento
Afinal renasci.
Somos um deserto
Grãos de areia
Que não se ligam
Faces em redor
Espelho da solidão
Num resto de vida
Plena de consciência
Retrato de ideias
Sedimentadas com dôr
Ideias se partilhadas
Com a sabedoria
Duma vida plena
Ajudam a trilhar
Caminhos novos
Plenos de obstáculos
Amenizados, boleados
Aguardados, ultrapassados
Com a ajuda da força
Que somos todos
Se formos uns para os outros
Na estrada da eternidade.
Tudo resulta despido
Na galáxia cintilante
Dada a sua dimensão
Aquilo que é proferido
Não ressoa tão distante
Convidando à reflexão
Cada orgulho ferido
Apenas insignificante
Não justifica a razão.
Viajo incessantemente
Não encontrando já
Pedaços de outrora,
Jazém reminiscências
Do presente prometido
Dum futuro comprometido,
Numa viagem alucinante
Por esta mente
Que agora me mente.
Vou embebedar-me de poesia
Mas não perderei a razão
Da noite far-se-á dia
Já que é essa a missão
Ressacado de versos mil
Cambaleante me levantarei
No deserto o óasis de Abril
É visão em que não acreditarei .
A cigarra já não canta
Formiga já não labuta
Ao povo já nada espanta
Vindo dos filhos da outra
O gafanhoto morreu
Fez-se paz à sua alma
E o povo adormeceu
Embalado na tarde calma.